domingo, abril 30, 2006

Se eu não tivesse perdido aquele diário em papel, só com duas figuras do Carpaccio da ponte Rialto, esse diário em que eu escrevia a verdade e era sincera, nesse papel eu hoje teria escrito assim: este foi um dos dias felizes da minha vida.

Jardins escondidos

Passo numa rua incaracterística e cheira-me a buganvílias em flor.
Vejo apenas uma porta que não parece ter por detrás um jardim.
A Primavera explode nesta cidade através das portas, das janelas, das paredes, por de cima dos muros...
Esta é a parte de Lisboa que Cesário não viu.
Este fim de semana prolongado foi dedicado a não ler, porque perdi uma lente dos óculos.
Foi um fim de semana dedicado a todos os sentidos.

sábado, abril 29, 2006

E os pintores de Lisboa? Outra vez Veneza: Canaletto

Lisboa deslumbrante, mutante e descendente

Está a apetecer-me viajar, passar uns fins de semana fora, conhecer outras terras.
Mas não consigo desgrudar de Lisboa que está tão bela.
Eu até pensei, quando estive no campo, recentemente, que nesta terra não há Primavera, tal como no mar. E noutras cidades.
Mas esta noite acordei com o canto duns pássaros estranhos, nocturnos e lindos.
Quando me levantei, fui vadear por aí...
Desci o elevador da Bica, rodeada de turistas italianos felizes (não sei se sabem que para eles o 25 de Abril é um feriado importante).
Dos dois lados da rua, sardinheiras em flor faziam-se notar dependuradas das janelas em vasos, ou nas varandas. Havia um cheiro, ou vários, sendo um deles o de flores.
Eu e os turistas estávamos felizes, até que o condutor, obeso, se colocou em frente da paisagem. E um italiano, com a graça que os caracteriza quando estão na terra deles (como a discrição em terra alheia)disse: "Tapa tutta la vista!"
Toda a gente se riu, mas era plástica a imagem dum tipo obeso a tapar uma paisagem deslumbrante, mutante e descendente.

sexta-feira, abril 21, 2006

O tanque de Mogos: lavadoiros, opiniadoiros e bebedoiros

- Então a sua vizinha já anda mais calma??!
- Eu sei lá…
- Se elas ficassem em casa com as mãozinhas postas a rezar, não lhes acontecia nada disto!
- Essas nódoas de vinho saem muito bem…
- Isto não é vinho!
- Então o que é? Parece vinho…
- Sei lá!


Por entre os cedros cantam as aves encantadas com a Primavera. A água do tanque é agora tépida e cai da bica com um canto também suave e doce. Borboletas perpassam nos malmequeres rasando a água. As cerejas enchem de cor o cimo das muitas árvores e o perfume das flores e das ervas enche o ar.
Esta terra parece o Paraíso!

terça-feira, abril 18, 2006

Opiniadoiros e defumadoiros

Entre os opinion makers, as opiniões dividem-se: os que fumam são contra as leis anti-tabágicas, os que não fumam são a favor.
Por aqui se vê como se fazem e se propagam neste jardim à beira-mar, (e noutros jardins "à beira-mágoa") (tio Fernando)as opiniões que depois toda a gente tem, na mesma proporção.
Que se lixem as opiniões e os opiniadouros!

domingo, abril 09, 2006

Free Web Site Counter

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Bernardo Canal


E ainda outro veneziano, Bernardo Canal, com pintura sobre o Grande Canal.
Este diário é muito melhor do que aquele que eu perdi, que era de papel e só tinha 2 pinturas do Carpaccio.

Canaletto



Este é outro pintor veneziano, que aliás, deve o nome aos canais de Veneza. Inspirem-se. A pintura chama-se Grand Canal e igreja de Salute

sábado, abril 08, 2006

Colónia Carpaccio

Carpaccio

Foi com grande surpresa e prazer que descobri um pintor Veneziano do Renascimento, Carpaccio. Existe também um prato italiano com este nome, que foi escolhido como homenagem ao homem.
Não consigo encontrar na net um quadro com a ponte de Rialto e muita gente, mas aqui vai uma amostra do “Leão de S. Marcos” (pormenor) e do “Desembarque de Santa Úrsula em Colónia”

quinta-feira, abril 06, 2006

O Tanque de Rismos: Lavadoiros e escrevedoiros

Antigamente as pessoas lavavam a roupa nos lavadoiros públicos. Alguns eram locais idílicos a meio dos campos cultivados, ou da folhagem dos bosques.
Lavavam-se as nódoas conhecidas e vulgares. Quanto às outras, que poucas seriam nessas épocas, desconhecidas e invulgares, poderiam ser imperceptíveis, mas duvido que passassem despercebidas.
É como agora, nos modernos escrevedoiros públicos. Cada um mostra o que quer… mas vê-se sempre mais.


Havia o gorgolejar da água no tanque, a frescura acariciante da erva, o convívio murmurejante das mulheres de saias largas e compridas, o cheiro da terra.
E a fonte, ou o curso do regato, onde se inclinavam mulheres com panos.

- O que é que o seu homem andou a fazer, para ficar com essa camisa tão suja?

- Sei lá!..- Que fez a sua filha, para ter esse vestido rasgado?

- Sei lá!...

- E você, porque tanto esfrega esse pano que está limpo?

Viver é viver! E Rima.

Escrevedoiro

O caderno em que eu costumava escrever um diário caiu atrás das gavetas da mesa de cabeceira e não o consigo tirar de lá!
Quando cheguei a esta conclusão, eu disse para com os meus botões:
- Deixai-vos de escrevedoiros e de maluquices. Este é o momento oportuno para deixar de escrever, uma vez que se acabou o papel!
Como os meus botões são todos franceses, não perceberam absolutamente nada do que eu lhes disse.
E eis-me aqui, a inaugurar um novo escrevedoiro público, eu que até já tinha um, chamado:
http://terraimunda.blogspot.com
Perguntem-me sobre o que é que vai tratar este blog!
- Ó Graciete Nobre, de que é que vai tratar este blogue?????????
- Não sei. Olá Luisinho! *
Parafraseando Bernardim Ribeiro.
- Este bloguinho há-de ser o que for escrito nele.

* Este "Olá Luisinho" foi acrescentado um dia em que descobri um amigo de infância (o Luisinho) e lhe indiquei este blog.

Escrevedoiros

"Deixa-te de escrevedoiros e de maluquices e trata mas é de ganhar a tua vida"
in A Criação do Mundo, Miguel Torga