sábado, setembro 27, 2008

"A primeira Aldeia Global: como Portugal mudou o mundo"

Ao lermos este título, concluimos logo que o autor é um português nacionalista bacoco. Para logo a seguir nos surpreendermos ao descobrir que o autor é inglês.
Este autor inglês, Martin Page, apaixonou-se por Portugal e pelos portugueses, sobretudo por aquilo (muito) que os portugueses têm de diferente dos ingleses.
Pela parte que me toca, obrigada Martin Page, não serei eu a dizer que não é verdade, não vou negar que os portugueses são incríveis, fantásticos, estavam predestinados desde a idade Média para uma missão especial e divina...
Enfim, aquilo que um português teria pejo de dizer, di-lo ele, numa narração da nossa história em versão revista e, a meu ver, adaptada. Parece-me que certas interpretações são muito fantasistas, mas por isso mesmo são narradas estórias da nossa história que são giríssimas.
Por exemplo: vocês já ouviram falar da lenda das amendoeiras, não é? Aquele rei muçulmano que mandou plantar muitas amendoeiras, uns dizem que no Algarve, outros dizem que no Norte, porque a sua esposa, que tinha sido escrava, gostava de neve e as amendoeiras em flor imitavam a neve. Este livro conta outro episódio de amor pela dita esposa tão belo como este, para logo a seguir dizer que, mal o pai do rei, ou príncipe, morreu, logo ele mandou chamar para junto de si o ainda hoje famoso poeta Ibn Amar, que amava desde criança e que tinha sido exilado pelo rei, por isso mesmo. Enfim, depois destas demonstrações de amor pela ex-escrava, correu com ela a troco de um homem...
Convenhamos: isto deve ser verdade! quem se lembraria de inventar tal coisa?


Não é um livro de literatura, mas sim de história. Tal como acontece com um livro de que falei noutro blogue, "O Império à Deriva" (CLICAR), não tem pretensões a romance histórico, mas lê-se com tanto prazer e entusiasmo como se fosse ficção. A propósito: o rei é também um poeta conhecido, mesmo famoso na cultura árabe da Península Ibérica: Al Mut' Amid. E, de facto, a ideia das amendoeiras foi uma ideia poética. Eu já tinha ouvido falar dos dois poetas, embora desconhecesse os pormenores. Ou melhor, já tinha lido poesia de ambos, pois existem livros traduzidos para português.

sexta-feira, setembro 26, 2008

quarta-feira, setembro 17, 2008

Trompa de Eustáquio

Como me doía muito um ouvido, no domingo, fui ao médico, na urgência.
Disse-me que o ouvido estava óptimo e que eu tinha, há meses, uma bela rinite, uma bela faringite e não sei o quê na Trompa de Eustáquio. A seguir, explicou-me que Eustáqui era um grego que descobriu a trompa de Eustáquio, que tem o feitio de uma trompa mas funciona como um tambor cuíca.
Depois disse que os otorrinos portugueses fizeram uma invenção extraordinária, pela qual, infelizmente, não ganharam o Nobel.
Quando ia já numa grande peroração contra o Nobel português da Medicina atribuído a Egas Moniz, perguntei-lhe qual era a invenção: desdobrou um clip até fazer um s e disse que se podem limpar os ouvidos com uma das partes redondas. Foi essa a invenção.
Resultado, fartei-me de rir apesar daquelas doenças todas e de não poder beber durante uns tempos por causa dos medicamentos.
São as pessoas que fazem a diferença entre uma situação horrenda e uma situação gira.
Lembrem-se disto.

sábado, setembro 13, 2008

Mutações

Estamos em tempo de renovação.
Meditemos sobre a mudança que queremos.

terça-feira, setembro 09, 2008

A Senhora das Especiarias

E finalmente um livro fantástico, verdadeiramente original em todos os aspectos, com uma leitura agradabilíssima e inventando uma estética com a qual me identifico totalmente.Já tinha visto o filme na televisão, que me pareceu na altura inovador em muitos aspectos, desde a história em si ao aspecto propriamente cinematográfico. Depois comprei o livro nas Canárias, em Espanhol, "La Señora de las Especias". Talvez goste mais dele assim, com palavras que não entendo, mas hei-de lê-lo em português. Não sei se já pensaram nisso, mas há frequentemente muitas coisas que não entendemos num livro e que às vezes contribuem para o seu encanto: os nomes das árvores que não conhecemos e portanto não podemos imaginar como são, neste caso o nome das especiarias, etc... O livro é puramente ficcional, no essencial não se parece nada com a realidade, mas ao mesmo tempo absorve um grande manancial do real.

Conta a história completamente fantasista de uma feiticeira indiana, mestra de especiarias, que vive numa loja em Oakland, sem poder pôr os pés na rua durante toda a vida, pelos votos que fez. Vende especiarias como feitiços e tem a missão de ajudar com elas os indianos que lhe frequentam a loja, embora estes, na sua maioria, nem saibam que ela os ajuda.

Embora esteja escrito em prosa, o livro tem uma imensa dose de poesia. Li, da mesma autora, também em Espanhol, "Irmãs da Alma" (traduzo eu o título). É interessante, mas este parece ser a sua obra-prima.
Ambos se baseiam também muito nas sensações, nas imagens e em particular no olfacto.