Comprei no Brasil alguns livros, ainda não tive tempo de os ler todos, mas já recomendo dois (e dois autores):
Uma escritora que creio não ser conhecida em Portugal, Ana Maria Machado e um clássico que eu tinha esquecido, imperdoavelmente.
Da primeira só encontrei um romance, embora me tenham asseverado que tem mais:
Tropical Sol da Liberdade.
É um testemunho sofrido e densamente humano sobre a história recente do Brasil, a resistência e o exílio. Estes assuntos, que nos fazem compreender melhor a situação do país, são temperados com alguns momentos de invulgar sentido de humor.
O outro é:
Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel António de Almeida.
Creio que seja fácil encontrar este em bibliotecas públicas.
Engraçadíssimo, tem um estilo que recorda o melhor das fases realistas de Eça e de Camilo. A acção decorre no Rio de Janeiro e inclui alguns emigrantes portugueses (não muitos).
É o único livro do autor, que morreu ao 30 anos num naufrágio, sem conhecer a fama.
Faz um retrato sarcástico e de morrer a rir de certos costumes dessa época e de certas paixões assolapadas. Mesmo assim, é considerado romântico…
É pena que nenhum dos nossos grandes escritores, que eu saiba, se tenha dado ao trabalho de descrever e narrar usos e costumes perfeitamente risíveis hoje em dia e já nessa época talvez.
Creio que este nosso amigo, Manuel António de Almeida, era um ET, incapaz de cumplicidade com a gente atrasada do seu tempo.