sexta-feira, maio 21, 2010

Sintra: a pedra e a carne




“Vou passar a noite a Sintra por não poder passá-la em Lisboa, 


"Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de não ter ficado em Lisboa.

Sempre esta inquietação sem propósito, sem nexo, sem conseqüência,

Sempre, sempre, sempre,

Esta angústia excessiva do espírito por coisa nenhuma, 


Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida..."


Fernado Pessoa “ Ao volante do Chevrolet pela Estrada de Sintra”

Confesso que partilho com o Tio Fernando esta inquietação a respeito do sonho e a respeito da estrada deserta. E a respeito de quase tudo, mas não a respeito de Sintra nem de Lisboa, que amo.

E sobretudo a respeito de conduzir um Chevrolet. Ou qualquer outra viatura.

Tenho amigos virtuais altamente ecológicos, mas não tão ecológicos que não conduzam um automóvel, como eu (ao contrário de mim), que não conduzo nenhuma coisa com rodas, excepto uma bicicleta com rodas.

E tenho amigos e/ou/ conhecidos que conduzem automóveis de certas marcas, julgando que alguém os ama por isso.

Eu e eles temos isto em comum: eu já desisti, por incapacidade, talvez, de conduzir uma viatura, eles já desistiram, por incapacidade talvez, de serem amados por aquilo que não está na coisa com rodas e motor. Nem na marca.

Eu e eles pedimos a reforma por invalidez: eu nas coisas com rodas, eles no amor propriamente dito. Eu no amor só a quatro mãos... eles no amor só a quatro rodas.

Mas…O que é o amor?! - Essa (Eça) é outra questão.

É melhor falarmos de Sintra.

2 comentários:

Maria Ferreira disse...

Adorei as fotos e o texto.Parabéns.

Nadinha disse...

Obrigada, Maria Ferreira.
Até que enfim que voltam os comentários e pessoas que andavam alheadas. Fico com vontade de postar mais.