A seda azul dos dias / A seda azul das noites
A noite vai descendo lentamente, muito lentamente
Sobre esta parte da terra antes do mar,
No centro do Ocidente do mundo (conhecido)
A dádiva do repouso acaricia finalmente
As nossas cabeças inclinadas, entregues à febre do tempo
Muitos nunca vão esquecer este dia que agora acaba em sombras,
Quase todos o olvidarão para sempre
A luz desaparece lentamente, muito lentamente...
Ouvem-se as vozes, diálogos familiares, falas tranquilas do dia que assim se extingue na cidade
Ouvem-se os sons da água que corre, invisíveis cascatas, ou fontes dos jardins escondidos e dos quintais ocultos
Ouve-se o som surdo das rodas dos automóveis, cada vez mais espaçado, mais lento, na cidade que repousa
Muitos dormem
Graciete Nobre
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