Caro Medina (do Brasil):
A verdadeira fraternidade é esta: a fraternidade do espírito.
Está para nascer o homem novo, mas talvez o homem novo sejamos nós mesmos. Está para nascer, ou a nascer, talvez até dentro de nós mesmos, o homem novo. A mulher nova. Uomini.
Mas esse novo humano não dará mais valor ao cérebro do que ao coração. E o medo não será a sua principal motivação para fazer ou não fazer. Como é agora.
E o medo não será a sua principal motivação para viver ou não viver, como é agora.
E sim a alegria. E a alegria será a sua principal motivação para fazer ou não fazer.
Incluindo a alegria do encontro.
Caro amigo: isso que você vê nascer dentro de si, talvez de inconfessado, é mesmo você.
É você mesmo, fruto dos tempos a ser. Acolha sem desconfiança o que aparecer dentro de si de novo e de bom.
Nunca apreciei a intimidade nem valorizei a proximidade, não são os próximos no espaço que nos inspiram. E o corpo... bem, o corpo... importante embora, parece ser, sem o ser, o essencial. O corpo é importante como impressão, mas é irrelevante como verdade. O corpo é apenas a verdade da terra. O mar delimita os seus limites. E a terra expande as suas ilusões.
Por mim, sei que fui feita para viver neste tempo em que a amizade e a proximidade mental ou psíquica ignoram a distância.
E para começar agora a ser. E a ter sido. A não ser que a relação entre as pessoas seja irrelevante e que só na solidão possamos encontrar a distância...
Não posso ter sido a única. Espero por vocês. Por si, caro amigo. Podemos encontrar-nos na diferença e na semelhança e na ilusão e no sonho. Ou digamos assim:
Encontrar-nos-emos por aí.
E vai ser bom.
(Texto a ser alterado, claro.)
Construções agrárias antigas
Há um mês
Um comentário:
Não é preciso dizer como gostei. Você saberá intuir, este faro demais feminino e tão certeiro.
O medo sempre foi o motor de minha coragem. Vencê-lo é desafio cotidiano. Preciso dele para chegar à noite e dizer: to-morrow, I try again. Esta é minha coragem: permanecer como fracasso que dispensa-me o heroismo. Em meu sangue, não há gota de heroismo, exceto, o medo vencido e a promessa que me faço à noite.
Meu desejo é o inferno, muito precisamente na medida que é o inferno o que me falta. O inferno de não conseguir ser só nas promessas vâs de todas as noites. Nunca busquei a felicidade, mas ela me persegue ao pôr-me a sós à busca dos mares que insula meu corpo. Adorei esta metáfora sua, que o corpo é a verdade da Terra. Lindo! E os mares portugueses, como sabemos por Pessoa, são diferentes e agigantados. A alegria de poder soltar-me nas folias que espantam o homem sensato,deixando-me crer em você capaz de "quanta" de insensatez na camaradagem,sua concreta e real virtualidade, esse tanto me contenta. Contenta-me por, de além achar-me louco, atentar em minha voz. Deveria agradecer-lhe, como não? - superlativamente. Faço-o sempre sob forma de agradecimento real e na esperança de que não se canse da virtualidade~nãoinfernal, que se aceita pelo nome Medina. Do Real defino como o impossível. Da esperança, como maldita sobretudo. Se você não desistir de mim - todos desistem - haverá de ver uma heterológica nestes fantasmas. Aranca-me do tédio duma vida, que vivida na norma,é pathos.Obrigado do fundo do coração de ocupar-se com esta nau sem rumo. Medina.
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