VIOLONCELO Chorai arcadas Do violoncelo! Convulsionadas, Pontes aladas De pesadelo... De que esvoaçam, Brancos, os arcos... Por baixo passam, Se despedaçam, No rio, os barcos. Fundas, soluçam Caudais de choro... Que ruínas (ouçam)! Se se debruçam, Que sorvedouro!... Trémulos astros... Soidões lacustres... – Lemos e mastros... E os alabastros Dos balaústres! Urnas quebradas! Blocos de gelo... – Chorai arcadas, Despedaçadas, Do violoncelo.
Una furtiva lagrima negli occhi suoi spuntò: Quelle festose giovani invidiar sembrò.
Che più cercando io vo?
Che più cercando io vo?
M'ama! Sì, m'ama, lo vedo. Lo vedo.
Un solo instante i palpiti
del suo bel cor sentir!
I miei sospir, confondere
per poco a' suoi sospir!
I palpiti, i palpiti sentir,
confondere i miei coi suoi sospir...
Cielo! Si può morir!
Di più non chiedo, non chiedo.
Ah, cielo! Si può! Si, può morir!
Di più non chiedo, non chiedo.
Si può morire! Si può morir d'amor.
Bientôt nous plongerons dans les froides ténèbres ;
Adieu, vive clarté de nos étés trop courts !
J'entends déjà tomber avec des chocs funèbres
Le bois retentissant sur le pavé des cours.
Tout l'hiver va rentrer dans mon être : colère,
Haine, frissons, horreur, labeur dur et forcé,
Et, comme le soleil dans son enfer polaire,
Mon coeur ne sera plus qu'un bloc rouge et glacé.
J'écoute en frémissant chaque bûche qui tombe ;
L'échafaud qu'on bâtit n'a pas d'écho plus sourd.
Mon esprit est pareil à la tour qui succombe
Sous les coups du bélier infatigable et lourd.
Il me semble, bercé par ce choc monotone,
Qu'on cloue en grande hâte un cercueil quelque part.
Pour qui ? - C'était hier l'été ; voici l'automne !
Ce bruit mystérieux sonne comme un départ.
II
J'aime de vos longs yeux la lumière verdâtre,
Douce beauté, mais tout aujourd'hui m'est amer,
Et rien, ni votre amour, ni le boudoir, ni l'âtre,
Ne me vaut le soleil rayonnant sur la mer.
Et pourtant aimez-moi, tendre coeur ! soyez mère,
Même pour un ingrat, même pour un méchant ;
Amante ou soeur, soyez la douceur éphémère
D'un glorieux automne ou d'un soleil couchant.
Courte tâche ! La tombe attend ; elle est avide !
Ah ! laissez-moi, mon front posé sur vos genoux,
Goûter, en regrettant l'été blanc et torride,
De l'arrière-saison le rayon jaune et doux !
Um dos meus poemas favoritos, de um dos meus poetas favoritos.
Tradução
Canto do Outono
I
Em breve iremos mergulhar nas trevas frias; Adeus, radiosa luz das estações ligeiras! Ouço tombar no pátio em vibrações sombrias A lenha que ressoa à espera das lareiras.
Em meu ser outra vez se hospedará o inverno: Ódio, arrepio, horror, labor duro e pesado, E, como o sol a arder em seu glacial inferno, Meu coração é um bloco rubro e enregelado.
Tremo ao ouvir tombar cada feixe de lenha; Não faz eco mais surdo a forca que se alteia. Minha alma se compara à torre que despenha Aos pés do aríete incansável que a golpeia.
Parece-me, ao sabor de sons em abandono, Que alhures um caixão se prega a toda pressa. Para que? - Ontem era o verão; eis o outono! Rumor estranho de quem parte e não regressa...
II
Amo em teu longo olhar a luz esverdeada, Doce amiga, mas hoje amarga-me um pesa, E nem o teu amor, o lar, a alcova, nada Vale mais do que o sol raiando sobre o mar.
Mas ama-me assim mesmo e cheia de ternura, Sê mãe para o perverso, o ingrato em todo caso; Sê, amante ou irmã, a efêmera doçura De um outono glorioso ou a de um sol no ocaso.
Breve é a missão! A tumba espera, ávida,à frente! Ah, deixa-me, a cabeça em teus joelhos pousada, Degustar, recordando o estio claro e ardente, Deste fim de estação a suave luz dourada!
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viuva, gracil, na escuridão tranquilla,
- Perdida voz que de entre as mais se exila,
- Festões de som dissimulando a hora
Na orgia, ao longe, que em clarões scintilla
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viuva, gracil, na esuridão tranquilla.
E a orchestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detem. Só modulada trila
A flauta flebil... Quem há-de remil-a?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?
Só, incessante, um som de flauta chora...
Camilo Pessanha (1867-1926)
Este poema é para a Maria, por ser um dos seus favoritos.
A Nadinha é a minha pseudo-heterónima. É a protagonista das minhas viagens marítimas, as reais e as sonhadas.
Quanto a mim, considero-me uma neófita na vida e em tudo.
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