Tendo acabado de escrever sobre Sá de Miranda e seu irmão, Mem de Sá, no blogue Terra Imunda, cumpro o prometido de aqui deixar um poema (um soneto) deste autor sobre a mudança. Agrada-me sobretudo o ser estranho. Senão, reparem: será que as aves morrem de calor, como é dito nos dois primeiros versos? Numa estação que costuma ser fria? E que quer dizer isto? Oiçamo-lo:
O sol é grande: caem co'a calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.
Ó cousas todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.
Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.
Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!
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Há 3 semanas
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