Conto-a como ma contaram a mim.
Um saloio e uma velhota tiveram um sonho em que lhes apareceu Nossa Senhora.
E então encontraram-se. E combinaram ir os dois juntos ao Cabo Espichel.
E, quando lá chegaram, encontraram uma imagem abandonada da Nossa Senhora.
E o povo começou a fazer uma romaria à "Nossa Senhora do Cabo".
E todos os anos, a Nossa Senhora do Cabo fica numa das 25 freguesias das redondezas e depois vai em procissão para outra.
E este ano está em Sintra, mas só voltará daqui por 25 anos.
E não me peçam mais pormenores. De cada vez que os pedi, responderam-me: não sei. Só me disseram que isto do saloio e da velhota aconteceu há 300 anos. Mais coisa menos coisa.
Construções agrárias antigas
Há 3 semanas
3 comentários:
Eu conhecia o facto de a imagem de Nossa Senhora do Cabo andar de freguesia em freguesia, de ano para ano, mas nunca imaginei que Sintra pudesse ser uma dessas freguesias. Supunha que fossem as freguesias dos concelhos de Palmela, Setúbal, Montijo, sei lá... Agora Sintra, que já fica tão longe?!
Estava a ficar muito admirado com isto quando, de repente, lembrei-me de que, há uns quantos anos, li algures que existe na Serra de Sintra um túmulo pré-histórico do Calcolítico (um tholos) num local chamado Monge. Dizia o texto que a entrada desse túmulo estava orientada para o Cabo Espichel, sugerindo que talvez não fosse por acaso, acrescentando que tal orientação poderia estar relacionada com um culto pagão relativo ao cabo. Com efeito, muitos dos santuários existentes em Portugal foram erguidos em locais que já eram objeto de cultos pagãos e o da Senhora do Cabo parece ser um deles. Fui pessoalmente ao Monge e verifiquei que de facto a entrada do tholos estava virada para o Cabo Espichel. O chamado Monge fica bem no meio da Serra de Sintra, perto do cruzamento dos Capuchos e acima do local onde nos anos sessenta morreram não sei quantos soldados num incêndio florestal. Embora o túmulo, em si, não tenha grande interesse, pois está muito arruinado, o passeio vale a pena, e ainda vale mais a pena continuá-lo até à Peninha. É um dos passeios mais bonitos que se podem fazer naquela serra.
Há um outro túmulo pré-histórico na Serra de Sintra, muito maior do que o do Monge, que fica no alto de um monte chamado Adrenunes (um nome bem estranho; durante algum tempo pensei que fosse André Nunes) e que é facilmente acessível a partir da estradinha que desce da Peninha para o Cabo da Roca. Pois verifiquei que é para o Cabo da Roca que a entrada deste outro túmulo está orientada. Será coincidência ou terá sido de propósito também? O túmulo do Adrenunes é perfeitamente visível do próprio Cabo da Roca. É o cimo aparentemente mais rochoso dos que que se veem do cabo. As "rochas" conformam o próprio túmulo.
Obrigada pelo seu comentário. Deve ser que consideravam o cabo uma coisa sagrada. E na verdade, em relação ao Continente Europeu, é algo de extremo, de significativo, portanto: é o cabo mais ocidental da Europa. Ou melhor, do continente europeu, pois da Europa política é o Faial.
Não sei se sabe, dizem que na Serra de Sintra e em espaços subterrâneos dela existem ETs. Isso tem a ver com as novas ideias místicas New Age. Ando muito por aí, por essas ideias, mas os Ets ainda não me convencem...
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