Era conhecido pelo Chiado, por ter morado muitos anos em Lisboa, na rua assim chamada já naquele século, nome que se conservou até meados do século XIX, em que foi mudado para o de Rua Garrett. N. num humilde arrabalde de Évora, e fal. no ano de 1591. Quis professar na ordem de S. Francisco, mas não se lhe dando por válida a profissão, passou o resto da vida como celibatário, vestido sempre com hábito clerical. Apesar de não ser muito douto, tinha verdadeiro talento e bastante conhecimento das boas letras. Improvisava versos com a maior facilidade, mais pelo impulso da natureza, que de arte, sendo os seus versos muito jocosos e joviais, provocando festivos aplausos a quem os escutava. Também imitava com muita propriedade e galanteria as vozes e os gestos de diversas pessoas conhecidas. Todos estes predicados lhe alcançaram a estima geral e a maior popularidade.
Escreveu dois autos, que se imprimiram depois da sua morte, e em que seguia os modelos de Gil Vicente. São os seguintes: Auto de Gonçalo Chambão, Lisboa, 1613, 1615 e 1630; parece que anteriormente houve outras edições, ainda em vida do autor; Auto da natural invenção, que, segundo diz Barbosa Machado, foi representado na presença de D. João III, e se imprimiu, mas não declara quando, nem onde. Escreveu também umas obras religiosas, provando assim a sua afeição ao hábito franciscano que vestia, apesar de não ter podido ser frade. São elas as seguintes: Philomena dos louvores dos Santos com outros cantos devotos, Lisboa, 1585; consta de vários géneros de versos; Letreiros sentenciosos, os quaes se acharam em certas sepulturas de Hespanha feitos em trovas, Lisboa, 1602. Destes Letreiros, diz Farinha, que vira outra edição mais «antiga, feita em letra quadrada», e sem ano nem lugar de impressão, a qual estava na livraria real; diz mais, que nesta edição, além dos letreiros, vinham outras peças, o que tudo ele reimprimiu, publicando uma colecção cujo título é: Letreyros muyto sentenciosos, os quaes se acharam em certas sepulturas de Espanha, feitos por Antonio Chiado em trovas, as quaes sepulturas elle viu. E hua regra spiritual que elle fez ao Geral de S. Francisco, e assi hua petição que o mesmo Chiado fez ao Commissario, e a reposta do Geral, feita por Affonso Alvares, Lisboa, 1783. Na livraria de D. Francisco Manuel de Melo, que passou para a Biblioteca Nacional de Lisboa, existiam num livro de miscelâneas, os três seguintes autos: Pratica Doyto feguras; Auto das Regateiras; Pratica dos compadres. António Ribeiro Chiado deixou muitos manuscritos, cujos títulos vêm mencionados na Biblioteca Lusitana, de Barbosa Machado, vol. I, pág. 373.
Fantástico! a resposta não podia estar mais completa! Você acaba de ganhar o único Komboloi que eu trouxe das ilhas gregas. Confesso que não trouxe nenhum Balangandã do Brasil, mas isso arranja-se. Já agora, talvez acrescentemos que teve mais sorte do que o tio Luís, a seu tempo. Mas é uma opinião, claro.
A Nadinha é a minha pseudo-heterónima. É a protagonista das minhas viagens marítimas, as reais e as sonhadas.
Quanto a mim, considero-me uma neófita na vida e em tudo.
Todos os textos e fotos aqui apresentados, ou são originais, ou é indicada a sua proveniência.
4 comentários:
Ribeiro Chiado (António).
n.
f.
Poeta jocoso que viveu no século XVI.
Era conhecido pelo Chiado, por ter morado muitos anos em Lisboa, na rua assim chamada já naquele século, nome que se conservou até meados do século XIX, em que foi mudado para o de Rua Garrett. N. num humilde arrabalde de Évora, e fal. no ano de 1591. Quis professar na ordem de S. Francisco, mas não se lhe dando por válida a profissão, passou o resto da vida como celibatário, vestido sempre com hábito clerical. Apesar de não ser muito douto, tinha verdadeiro talento e bastante conhecimento das boas letras. Improvisava versos com a maior facilidade, mais pelo impulso da natureza, que de arte, sendo os seus versos muito jocosos e joviais, provocando festivos aplausos a quem os escutava. Também imitava com muita propriedade e galanteria as vozes e os gestos de diversas pessoas conhecidas. Todos estes predicados lhe alcançaram a estima geral e a maior popularidade.
Escreveu dois autos, que se imprimiram depois da sua morte, e em que seguia os modelos de Gil Vicente. São os seguintes: Auto de Gonçalo Chambão, Lisboa, 1613, 1615 e 1630; parece que anteriormente houve outras edições, ainda em vida do autor; Auto da natural invenção, que, segundo diz Barbosa Machado, foi representado na presença de D. João III, e se imprimiu, mas não declara quando, nem onde. Escreveu também umas obras religiosas, provando assim a sua afeição ao hábito franciscano que vestia, apesar de não ter podido ser frade. São elas as seguintes: Philomena dos louvores dos Santos com outros cantos devotos, Lisboa, 1585; consta de vários géneros de versos; Letreiros sentenciosos, os quaes se acharam em certas sepulturas de Hespanha feitos em trovas, Lisboa, 1602. Destes Letreiros, diz Farinha, que vira outra edição mais «antiga, feita em letra quadrada», e sem ano nem lugar de impressão, a qual estava na livraria real; diz mais, que nesta edição, além dos letreiros, vinham outras peças, o que tudo ele reimprimiu, publicando uma colecção cujo título é: Letreyros muyto sentenciosos, os quaes se acharam em certas sepulturas de Espanha, feitos por Antonio Chiado em trovas, as quaes sepulturas elle viu. E hua regra spiritual que elle fez ao Geral de S. Francisco, e assi hua petição que o mesmo Chiado fez ao Commissario, e a reposta do Geral, feita por Affonso Alvares, Lisboa, 1783. Na livraria de D. Francisco Manuel de Melo, que passou para a Biblioteca Nacional de Lisboa, existiam num livro de miscelâneas, os três seguintes autos: Pratica Doyto feguras; Auto das Regateiras; Pratica dos compadres. António Ribeiro Chiado deixou muitos manuscritos, cujos títulos vêm mencionados na Biblioteca Lusitana, de Barbosa Machado, vol. I, pág. 373.
Transcrito por Manuel Amaral
in Portugal - Dicionário Histórico
Fantástico! a resposta não podia estar mais completa!
Você acaba de ganhar o único Komboloi que eu trouxe das ilhas gregas. Confesso que não trouxe nenhum Balangandã do Brasil, mas isso arranja-se.
Já agora, talvez acrescentemos que teve mais sorte do que o tio Luís, a seu tempo. Mas é uma opinião, claro.
Um feliz Natal para você.Abraços.
Mariana
Quero ver isso! :)
Postar um comentário