sexta-feira, novembro 18, 2011

Lisboa com chuva e com Tejo e com Tudo


Lisboa com chuva. Bar Le Chat qui Pêche, às Janelas Verdes

terça-feira, novembro 15, 2011

Crepúsculo dos Deuses

Um sorriso de espanto brotou nas ilhas do Egeu
E Homero fez florir o roxo sobre o mar
O Kouros avançou um passo exactamente
A palidez de Athena cintilou no dia
Então a claridade dos deuses venceu os monstros nos frontões de todos os templos
E para o fundo do seu império recuaram os Persas
Celebrámos a vitória: a treva
Foi exposta e sacrificada em grandes pátios brancos
O grito rouco do coro purificou a cidade
Como golfinhos a alegria rápida
Rodeava os navios
O nosso corpo estava nu porque encontrara
A sua medida exacta
Inventámos: as colunas de Sunion imanentes à luz
O mundo era mais nosso cada dia
Mas eis que se apagaram
Os antigos deuses sol interior das coisas
Eis que se abriu o vazio que nos separa das coisas
Somos alucinados pela ausência bebidos pela ausência
E aos mensageiros de Juliano a Sibila respondeu:
«Ide dizer ao rei que o belo palácio jaz por terra quebrado
Phebo já não tem cabana nem loureiro profético nem fonte melodiosa
A água que fala calou-se»*


Sophia de Mello Breyner Andresen
* Resposta do Oráculo de Delphos a Oríbase, médico de Juliano, 

sábado, novembro 12, 2011

As cores, as flores, os pássaros e os frutos

Se Deus existe e se foi ele que criou o mundo, devia ter muita imaginação nessa época.
Poderia haver menos variedade de pássaros, com menos variedade de flores, com menos variedade de frutos e de sabores dos frutos...
Até foram criadas flores com asas, flores voadoras como as borboletas e os beija-flor que nunca vi.
Mas as cores não são muitas. 
Quando comemos uma goiaba, vemos que sabem  a metal e a pedra. E a fruta. As ostras sabem a metal, a pedra e a mar.
Mas nunca vemos uma cor que nunca tivéssemos visto antes...