Estava eu com o corpo todo suspenso.
As mãos arranhadas. Os joelhos esfolados.
Em riscos de cair ao chão, muitos metros baixo.
Os dedos das mãos metidos no buraco do muro, entre duas pedras, enfim, entre várias pedras.
Os dedos dos pés metidos no buraco do muro, entre as pedras agudas e quentes do sol.
O corpo em precário equilíbrio, quase a cair.
Mas em mim só existiam os olhos: só via!
E, alguns segundos antes de cair, ainda consegui vislumbrar a completa maravilha:
Três passarinhos minúsculos com os bicos abertos, cantavam. No minúsculo ninho, na parede de pedra.
Eu já antes tinha caído, é claro,
Com os joelhos esfolados, doridos, e muito feliz, fui contar à minha mãe:
- Mãe, eu sei um ninho! Olhe Ali! Tão pequeninos e cantam tanto! De biquitos abertos.
Douro litoral: socalcos: muros feitos de bocados de pedras: crianças felizes descobrem ninhos.